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terça-feira, 9 de junho de 2015

A Arte do Furto


Faço o que faço não por vontade.
Faço o que faço por necessidade.
Necessidade da adrenalina,
preciso sentir a vida,
sentir meu sangue fervendo,
sentir meu coração batendo.

A arte do furto.
Sou um louco em mais um surto.
Vivendo a história de um livro triste em que o real não existe.
Um mundo de ilusão recheado de dor e solidão.

O exílio dos sorrisos
e dos abraços partidos.
O último capítulo não foi escrito.
O poeta não morre antes disso.
Não há moinhos de vento;
finalizou-se o pensamento.

Escrito por: Leonard Sevilhano.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

COMEÇANDO,UM CASUAL CANTO COIBINDO A COAÇÃO

Agonia no vão do dedo
Anseio abrupto no ser-mão do meio
Consolidando por absoluto
O fadário paradeiro




https://www.youtube.com/watch?v=5Jj3wZVc7nw

quinta-feira, 28 de maio de 2015

15/03/2015

Confesso não ter acreditado muito em toda essa história de “manifestação via facebook” no começo. Recebi alguns convites, vi pessoas confirmando presença pela internet, mas pra mim, falar de impeachment em uma rede social em que a cada dia mais e mais idiotices são curtidas, compartilhadas ou comentadas, é ter motivo suficiente para não levar algo tão sério a sério. Eis que o momento da verdade se aproximava ganhando força nas ruas, não mais na rede. Aos poucos fui me intrigando pelo assunto com curiosidade de um outsider de tudo que se era dito e debatido nas últimas semanas.


Sábado, dia 14/03, rumei para São Paulo com o propósito de visitar minha querida mãe, conhecer alguns de seus amigos e, é claro, matar a saudade da minha amada capital paulista. Passamos uma noite maravilhosa servida com cerveja gelada, um clima agradável após uma leve garoa. Debatemos sobre música, compartilhamos opiniões literárias, até declamamos um versinho do grande grupo Molejo. Mas quando o assunto era o dia seguinte e a tal manifestação o tom de voz de todos ao redor da mesa mudava, ficava mais controlado. Repetiram inúmeras vezes a palavra “preocupação” e seus sinônimos aos referirem-se ao evento contra o governo atual do país. Mantinha-me calado nesses momentos, meu objetivo era apenas observar tentando absorver toda a reflexão em cima do tópico. No dia seguinte estaríamos dentro do protesto a trabalho, cobrindo parte do ocorrido, eu serviria como auxiliar de produção. Dormi tranquilamente e levemente embriagado, não tinha preocupações.

Domingo, dia 15/03, era dada a largada para a maratona que ocorreria nesse dia marcante. Todos prontos, banhos tomados e cores imparciais em nossas vestimentas, afinal, “aqui é trabalho, meu filho!”. A caminho da Paulista já era possível sentir o calor da manifestação se aproximar no metrô lotado cantando hinos de protesto. Subindo a escadaria que dá para a avenida o número de pessoas aumentava gradativamente, nem mesmo a chuva que começava a cair afastava a multidão que nos acompanhava. A Avenida Paulista era tomada por um número até então desconhecido de pessoas. Grupos de diferentes ideologias, idades diversas, acompanhados pela família ou pelos amigos beberrões, esses eram os rostos daqueles por trás dos eventos pró-impeachment.

Ao longo de quase cinco horas passei e observei de tudo, das peladas aos militares pedindo intervenção sem ditadura, dos fanáticos religiosos aos policiais posando para fotos de instagram. Nem mesmo a CIA ou o FBI saíram impune no meio de um dos tantos discursos gritados a plenos pulmões de um dos palanques em cima de caminhões. Não constatei nenhum tipo de violência durante o evento, a emoção ficou para mais tarde durante um assalto a um carro forte na esquina de casa (mas isso fica para outra hora).

O que realmente me intrigou a ponto de começar essa nova etapa para o blog veio depois de passar por tudo isso. Assistindo aos telejornais não pude acreditar na quantidade de pessoas que estavam lá, sendo que eu era uma dessas pessoas. Em seguida, enquanto era feito o pronunciamento dos protestados mais barulho era feito na rua com panelaços e gritos contra os mesmos. Cada vez mais minha mente ficava marcada com o que eu via, ouvia e sentia naqueles dias em São Paulo. Durante a silenciosa madrugada comecei a recolher cada sensação para iniciar um debate interno. No fim das contas do que adianta um protesto sem uma proposta? Do que adianta sair na rua para exigir algo que você não tem total conhecimento do que é de fato? “Se saiu um é o tal quem assume, né?”.


Não estrague seus utensílios de cozinha, nem queime as luzes da sua casa em forma de “protesto”. Descubra quais são seus direitos e deveres, aprenda um pouco mais da legislação antes de fazer barulho, peça/conquiste a palavra, faça-os ouvir suas propostas e em seguida, dê a palavra ao próximo. Mudanças ocorrem em conjunto, é preciso dar uma direção, não às costas.

Texto: Leonard Sevilhano.